Na grande noite de evocação dos cantores de Abril, que estou a assistir pela TV, confesso que me emocionou mas gostei, gostei de ver e ouvir que, não obstante a cantora Helena Vieira, não ter concluído a canção de Ermelinda Duarte, o povo presente não deixou passar, e não deixou esquecer a vontade de não voltar atrás expressa na última estrofe, soltou a voz e cantando em coro afirmou:
"SOMOS LIVRES NÃO VOLTAREMOS ATRÁS"
FOI BONITO MUITO BONITO.
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Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.
Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.
Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.
Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.
Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquistado
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.