88 - A Fala dum cravo vermelho

Entre o 25 de Abril e o 1º de Maio para quem defende a LIBERDADE, a SOLIDARIEDADE, o TRABALHO, o PÃO, não esquecendo evidentemente os DEVERES que também temos, são dias de muitas emoções. Vou agora para o almoço comemorativo do 25 de Abril mas não quero deixar de transcrever aqui um poema de Augusto Gil, um poeta nascido em 1873 e que embora tenha falecido em 1929, continua muito actual.
O poema reza assim:
Da braçada de cravos que trouxeste
Quando vieste,
Minha linda,
Há um - o mais vermelho e mais ardente -
Que espera ainda ansiosamente
A tua vinda...

Só ele resta agora, entre os irmãos
Já desfolhados...
Só ele espera que piedosas mãos
- As tuas mãos e os teus cuidados -
Lhe deem, numa pouca d'agua clara
E enganadora,
Uma ilusão da vida que animará
O seu vigor d'outrora ...

Mas que outro está, do hora em que o cortaste
Ainda em botão!
Murcham-lhe as pétalas e tem curva a haste,
Num grande ponto de interrogação ...

Voltado para a porta em que surgiste,
Na noite perturbante em que o trazias,
Parece perguntar porque partiste
...E porque não voltaste, há tantos dias!?...

(Augusto Gil)

2 comentários:

shark disse...

E correu bem, o almoço?

Susete Evaristo disse...

Claro que sim. Além de uma bela (feijoada) foi também o sadável convivio entre pessoas que defendem os mesmos valores e as mesmas convicções.