79 - O que valem as estatísticas

No caderno de economia do Diário de Noticias, de hoje 18/4/2008, sob o título Funcionários públicos reformam-se antes dos 60 apesar da nova legislação vem publicado em subtítulo a noticia “Salário médio da função pública ronda os 1550 euros”
Ora bem, se não fosse tão ridículo, o texto desta última, daria certamente para rir.
Está cada vez mais comprovado que, se uma pessoa comer um boi e outra nem o cheire, esta segunda pessoa não pode morrer à fome pois (pelo menos no papel) estatísticamente comeu metade do animal.
Neste sector, o da Administração Pública, passa-se tal e qual.
É que, se juntar-mos o vencimento de um director geral, que é de (3 628,82 €) (mesmo sem contabilizar o segundo ordenado que auferem designado por despesas de representação!) ao salário de um auxiliar administrativo que é de (457.05 €), e dividirmos por dois, cada um recebe mensalmente 2 042,935 euros (muito superior até ao que vem publicado) mas, enquanto o primeiro pode ter carro, casa própria, casa de praia, casa de campo e férias além fronteiras, o segundo quando muito pode pagar um “T-0” num qualquer Bairro Social, nos arrabaldes da cidade e nas férias vai 2 ou 3 dias à Caparica ou a Carcavelos.

Acresce referir que na carreira administrativa, carreira intermédia em termos hierárquicos, o vencimento médio mensal (contas feitas da mesma forma valor do primeiro e último escalão a dividir por dois) fica pelos 893,825 €/mês.
De referir ainda que para se chegar ao topo da carreira podem levar-se mais de 30 anos, uma vez que é uma carreira de vertical e os concursos de acesso não são assim tão frequentes.

Quanto à média dos salários do sector privado que se estimam, segundo o mesmo jornal em 819 euros, põe-se a questão: Será que foram contabilizados para a estatística os ordenados dos gestores de empresas?
Ou como não descontam para a segurança social por poderem pagar seguros de reforma privados, nem se sabe quanto auferem?

É assim que engenhosa e enganadoramente, os meios de comunicação social contribuem para uma cada vez mais ignorância da realidade em Portugal e acirram a generalidade dos portugueses contra os funcionários da Administração Pública, sem lhes explicar que estes são os "ratos de laboratório" na aplicação de Leis (cada vez mais repressivas) que mais dia menos dia serão aplicadas à generalidade dos trabalhadores.
Aí depois é tarde para gritar: Aqui del-Rei quem nos acode!
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