479 - Festas da Cidade - Serpa 2011

Da vinha ao vinho


Existiam em Serpa duas importantes adegas, onde se fabricava a chamada "bebida dos deuses" que se extrai do fruto da videira. Uma ainda existe embora desconheça se ainda se pisa a uva como antigamente. Conhecida como a adega do Molha o Bico, fica ao cimo da Rua Quente, a outra, há muitos anos que não existe, situava-se ao cima da Rua de Nossa Senhora, esquina com a Rua das Portas de Beja, era a adega e taberna do Janeiro.
As tabernas perderam aquele cheiro caracteristico que nos chegava ao nariz quando por perto se pasava, aliás tabernas já não existem, hoje deram lugar ao café, não é que não de beba vinho mas o taberna tem hoje um sinónimo desprestigiante daí a mudança do nome.
Depois da lide nos campos e enquanto as mulheres tratavam dos filhos, da casa e da ceia os homens iam até à taberna. Era lá que sabiam das novidades da terra e de outras terras se acaso algum forasteiro alí chegava. Não poucas vezes, era também o lugar do cante, bastava alguem começar uma moda e logo outras vozes se lhe juntavam. Quem passava na rua parava para ouvir.
O Cante, essa peculiar forma de cantar com identidade própria e de caracteristicas especificas, mergulha no sistema musical medievo O homens cantam em grupos a tres vozes: o ponto, o alto e segundas vozes, com funções diferentes.Há aliás quem defenda (Padre António Marvão) que o cante Alentejano se organizou exactamente em Serpa, pelos Frades Paulistas por alturas do séc. XV.
A saudade, a tristeza e muito especialmente o amor, são os temas base do cante Alentejano. É quase uma oração que se escuta em silencio se não se sabe cantar.

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