150 - Educação amputada!

A curiosidade natural, como é apanágio de todas as crianças, de 4 ou 5 anos, estava bem demonstrada nas várias perguntas que ia fazendo à mãe.
Como era o trabalho dela, onde estava o pai, o que era o Algarve das piscinas, ao que a mãe ia respondendo de forma correcta dando satisfação e espaço para mais perguntas.
Até que, após uma pausa, veio a constatação: mãe tu sabes tudo!
- Não filha, a mãe sabe um bocadinho, ninguém sabe tudo.
- Mãe a professora Rosa, também sabe tudo!
- Não filha, a professora não sabe tudo, sabe mais que os outros, por isso é professora, mas não sabe tudo. Quando fores crescida também vais saber mais do que agora, pois todos os dias se aprende.
E eu sentada no banco da frente do autocarro estava deliciada: sim senhora, ali esta uma mãe que sabia ensinar a filha, sabia prepará-la para a vida demonstrando-lhe uma verdade insofismável.
- Mãe olha, algumas pessoas ainda não tiraram as bandeiras das janelas!
- Claro que não filha, depois do Campeonato Europeu há os jogos Olímpicos, que vão começar agora. E há o hoquei e o ténis e mais modalidades, por isso as pessoas ainda não tiraram as bandeiras das janelas.
Fiquei siderada sem saber se devia intervir ou se pura e simplemente ignorar, sair do autocarro e esquecer o meu erro ao pensar que aquela mãe sabia de facto ... tudo.
Saí, porque percebi que a "sabedoria" da senhora, não chegava para perceber até que ponto estava a deturpar o ensino que até ali tinha sido tão bem encaminhado.
Depois queixamo-nos da iliteracia e do analfabetismo Nacional.

5 comentários:

Anónimo disse...

Incrível este relato... O país real...
Bom Fim de Semana

PjConde-Paulino disse...

Susete:)

Na verdade ninguém sabe tudo. Estremeço, sempre que alguém me aparece com verdades absolutas.

Gostei da mãe que tu, minha comadre Susete, me apresentas. Demonstrou ser autêntica sem "maldade" deturpada por apologistas tendenciosos.O ensino feito à sua criança, foi feito segundo o sentir do seu coração. É esse ensinar que precisamos, sempre.:) Feito com o coração.

Nota: A questão das bandeiras, não vem mal ao mundo; nem para quem as deixa estar na janela, ou por aqueles que pensam ao contrário:)

O importante´é a felicidade Livre e genuína que todos devemos viver:)

Gostei de vir olhar a sua casinha, como sempre o faço, com muito prazer:)

Um beijo de sê "cumpadri amigo , - Pj

Anónimo disse...

Peço desculpa mas pode apontar mais explicitamente a iliteracia demonstrada pela mãe, em relação às bandeiras?

cumprimentos,
patricia

Susete Evaristo disse...

Cara amiga Patricia, a iliteracia designa a qualidade de iliterado, ou seja, uma forma de ignorância ou analfabetismo.
Saber ler e escrever não é suficiente, se ao ler-se, não se compreender o que se lê.
Da mesma forma transmitir conceitos errados, não é a melhor forma de ensinar.
Se voltar a ler com atenção verifcará que não me referi à mãe como iliterada.
E se usei com alguma redundância aquela expressão, foi para salientar e destacar, um exemplo do que erradamente se ensina acerca de um simbolo, representativo do país e que, manifestamente se está a usar e abusar em certas ocasiões, dando aso a confusões.
A Bandeira Nacional, representa a identidade de um País Republicano Soberano e Independente e não um símbolo desportivo.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Gostei deste post. Tive de ver os comentários porque não percebi até onde a amiga queria chegar. Ate que sim , dou razão ao facto de hoje em dia se usar a bandeira por tudo e por nada. Mais propriamente aquando época de desporto.

Como tudo evolui, não seria excepção usar-se a bandeira apenas para mostrar uma Pátria mas também para outro tipo de coisas, nomeadamente o dito desporto que aqui transcreve.

Não sou do tempo do amor à bandeira e pelo respeito por ela. Para ser sincera nunca me transmitiram isso e tao pouco que não deve ser usada sem mais nem menos.

Mas pelo que tenho aprendido ao longo do tempo, comecei a sentir que há mais para além daquilo que me ensinaram (nada) ou do que apenas me lembro da primária quando a desenhei pela primeira vez.

Talvez a mãe não quisesse, em final de dia, explicar porque razão a bandeira não possa ser exposta assim por dá cá aquela palha. Não tivesse paciencia para tal e parece-lhe a resposta mais simples a dar à criança.

Beijinhos

Gosto muito do blog!