314 - Belas - A Quinta dos Marqueses de Belas ou Quinta do Senhor da Serra






Livros são livros, sejam eles romances, poesia, contos ou relatos.
Num artigo mais abaixo falei num livro de exaltação Nacional com o título “A Nossa Pátria” depois de escrever o que escrevi fui buscá-lo e mais uma vez lhe dei uma vista de olhos.
Aí deparei-me com os viajantes a chegar aqui à minha vizinha Freguesia de Belas. Ora bem aí está uma oportunidade para satisfazer um pedido que insistentemente me tem feito: contar um pouco da história da Quinta do Senhor da Serra, em pleno Monte Abraão.
Eu sei que tenho em algum dos meus recantos de arquivo, fotocópia de documentos contendo as medições e os valores calculados para estes terrenos feitos por um antigo funcionário da DGEMN, meu ex-colega, já falecido que sabendo do meu interesse por estas coisas me ofereceu um dia vou procurar para os trazer para aqui.
Bom mas dizia eu que no livro acima citado é descrita assim a Quinta do Senhor da Serra, pelo Dr Menezes, quando depois de deixarem Queluz se dirigiam a Sintra:
“Foi o advogado quem primeiro rompeu o silêncio, ao apontar um alto muro, à nossa esquerda.
- Aqui – disse ele – é a célebre Quinta do Senhor da Serra, que, afinal se chama Quinta dos Marqueses de Belas. É uma propriedade muito antiga. Já em 1318 estava na posse do 4º. Alcaide-mor da Atougia, Gonçales Anes Robertes, que a doou ao mosteiro de Santos, de Lisboa. Mas em 1334, já era seu proprietário Lopo Fernandes Pacheco, de quem a herdou seu filho Diogo Lopes Pacheco, um dos protagonistas da tragédia de Inês de Castro. D. Pedro confiscou-lha e aqui vinha algumas vezes passar umas horas melancólicas, talvez a recordar a «mísera e mesquinha» A quinta passou depois às mãos de Gonçalo Peres Malafaia, cuja viúva a teria vendido a D. João I, para a doar a seu filho D. João. Aqui se encerrou, nos primeiros dias do curto reinado o misantropo D. Duarte. Mais tarde Dona Brites, mãe de D. Manuel I, fixou residência neste local aprasivel e reformou consideravelmente o palácio. Passou em seguida a propriedade dos Correias de Belas depois aos Condes de Pombeiro e mais recentemente aos Marqueses de Belas, cujos descendentes a venderam ao Sr. Borges de Almeida.
Não tínhamos tempo de ir visitar aquela soberba propriedade. Mas o nosso guia, fez-nos uma rápida descrição do seu valor arquitectónico, em que subsistem alguns aspectos da época manuelina. Falou-nos também da branca Ermida, que se ergue num ponto alto da Quinta, a
Ermida do Senhor da Serra, forrada interiormente de painéis de azulejos, lugar de peregrinação dos arredores de Lisboa, que se realiza no último domingo de Agosto.”
A esta descrição acrescento eu agora alguns pormenores que julgo também são interessantes.
Por exemplo, o obelisco que se encontra à esquerda de quem vem de Queluz e que presentemente se situa por debaixo da CREL, foi inaugurado em honra de D. João VI e de sua esposa Carlota Joaquina, quando ali se deslocaram em peregrinação. Também nas imediações da Quinta, existe um conjunto megalítico composto pelas Antas de Monte Abraão, Estria e Pedra alta. A Anta de Monte Abraão, está como é do conhecimento dos moradores das redondezas em completo abandono. Do monumento megalítico da Estria constituído por gigantescos esteios, apenas resta um único erguido, o de Cabeceira, elevando-se a 5 m de altura. Neste monólito podem observar-se duas gravuras rupestres antropomórficas. Quando foi escavado no séc. XIX, existiam ainda dois outros esteios na posição original, bem como restos de outros muito fragmentados. Os materiais arqueológicos exumados encontram-se depositados no Museu do Instituto Geológico e Mineiro.
Estes monumentos estão ligados à romaria do Senhor da Serra, nomeadamente, no hábito que os romeiros tinham em escorregar pelo enorme Esteio de Cabeceira da Estria, facto que denota ancestrais ritualidades ligadas à fertilidade dos homens, dos animais e das terras.
Consultada a página da internet da Freguesia de Belas, na mesma é relatado que, em 1942 – Aquisição da Quinta, aos herdeiros de José Borges de Almeida, pelo industrial Júlio Martins, o qual promove uma remodelação do palácio, sob orientação do Arquitecto Raul Lino. 1975 – Saque dos edifícios da propriedade, desaparecendo parte dos revestimentos azulejares e sendo danificado o grupo escultórico do obelisco. 1994/ 1995 – Obras da CREL fazem passar viaduto rodoviário sobre parte da Quinta.



Nota: Da igreja nada resta, em redor do obelisco, cresce um grande matagal que nem as mortes ocorridas nas cheias do ano passado na Ribeira de Belas, fez com que aquele espaço fosse limpo e as Antas, as Antas estão em avançado estado de degradação.



Assim vai a cultura e o património em Portugal.

2 comentários:

XICA disse...

Nã sê se é ifêto dos figos ó séi enquetação duzêros, o qué sêi é que tu tás munte produtiva e é jé tô pôdre de sono nã t´acompanho mais, logo venho cá acordada ler este.
Jinhos

Susete Evaristo disse...

É talvez da ventania...........
Ó do chêro a caféi com torradas que me vem da janela prós narizis.
Só cagora jé tô com preguiça.