Há muito tempo que não menciono aqui os livros que tenho andado a ler. Dou hoje conta do último, um romance da autoria de Francisco Salgueiro, baseado numa carta (uma longa carta) que Rodrigo, assim se chama o personagem principal, terá escrito e fechado num cofre a qual será encontrada pelo neto, durante um período conturbado da saúde de Rodrigo.
Para além do encontro e desencontro dos seus amores com Beatriz, - desencontro motivado pelas políticas preconizadas por Salazar - e que parece ser o principal motivo da carta, a mesma relata, muito para além do amor, a vivência duma época, não obstante a comovente declaração:
«Beatriz,
Amo-te e irei amar-te para sempre.
Apesar de tudo
esperarei por ti para o resto da vida
Rodrigo»
Ao longo das 281 páginas deste livro, que abrange as três últimas décadas do século passado e como não podia deixar de ser já o ínicio deste, vamos descobrindo como era a vida e a vivência nos anos da ditadura.
- Claro que para mim que tenho quase a idade de Rodrigo, nada é novo uma vez que recordo bem os anos 60 e mesmo os finais de 50 do século passado -.
Do que nos é transmitido, que de verdade se passava e sem me querer alongar nem contar o livro, passo a citar: a Mocidade Portuguesa e os seus “dogmas”, as investidas da PIDE e as prisões de Caxias, Aljube e Tarrafal, o embarque de tropas para Angola, Moçambique ou Guiné, a emigração dos que em último recurso davam “o salto” para terras de França e até os livros proibidos como o “Pela Estrada Fora” de que já não tinha memória, passando pela fraude eleitoral que derrotou Humberto Delgado.
Para além do encontro e desencontro dos seus amores com Beatriz, - desencontro motivado pelas políticas preconizadas por Salazar - e que parece ser o principal motivo da carta, a mesma relata, muito para além do amor, a vivência duma época, não obstante a comovente declaração:
«Beatriz,
Amo-te e irei amar-te para sempre.
Apesar de tudo
esperarei por ti para o resto da vida
Rodrigo»
Ao longo das 281 páginas deste livro, que abrange as três últimas décadas do século passado e como não podia deixar de ser já o ínicio deste, vamos descobrindo como era a vida e a vivência nos anos da ditadura.
- Claro que para mim que tenho quase a idade de Rodrigo, nada é novo uma vez que recordo bem os anos 60 e mesmo os finais de 50 do século passado -.
Do que nos é transmitido, que de verdade se passava e sem me querer alongar nem contar o livro, passo a citar: a Mocidade Portuguesa e os seus “dogmas”, as investidas da PIDE e as prisões de Caxias, Aljube e Tarrafal, o embarque de tropas para Angola, Moçambique ou Guiné, a emigração dos que em último recurso davam “o salto” para terras de França e até os livros proibidos como o “Pela Estrada Fora” de que já não tinha memória, passando pela fraude eleitoral que derrotou Humberto Delgado.
«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»
«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»«»
Tive a sorte de ter um avô e um pai que me ensinaram a ser irreverente o suficiente embora com alguma contenção, para que com os meus 13/14 anos ser a primeira jovem a vestir calças, quando isso era quase um crime de lesa magestade, a minha irreverência levou-me também a usar mini saia e pintar os olhos como ainda hoje faço, tal como se via nas revistas côr-se-rosa, (lembro-me da "Crónica Feminina), e aceitavel apenas nas artistas ou mulheres de comportamento duvidoso.
Tive a sorte de ter um avô e um pai que me ensinaram a ser irreverente o suficiente embora com alguma contenção, para que com os meus 13/14 anos ser a primeira jovem a vestir calças, quando isso era quase um crime de lesa magestade, a minha irreverência levou-me também a usar mini saia e pintar os olhos como ainda hoje faço, tal como se via nas revistas côr-se-rosa, (lembro-me da "Crónica Feminina), e aceitavel apenas nas artistas ou mulheres de comportamento duvidoso.
Relativamente às leituras e embora me fossem proibidos, os poucos livras que havia lá por casa, nunca ficaram fechados a sete chaves pelo que, com a curiosidade própria da juventude e também porque lá diz o ditado - O fruto proibido é o mais apetecido - logo que os meus pais se ausentavam, como lhes tinha acesso pegava e lia livros como: O Plano Mental; O Crime do Padre Amaro; Quando os Lobos Uivam; e um que nunca mais encontrei que se chamava “Na cova dos Leões”, análise do o fenómeno de Fátima, com todas as manipulações que rodearam as crianças, protagonistas do caso, ao ponto de duas não sobreviverem e a mudança de estratégia, que terá ocorrido em 1930 com a dupla Salazar/Cerejeira.
Havia no entanto outros livros que nos eram recomendados, como por exemplo “A Mulher na Sala e na Cozinha” ou oferecidos como prémio em concursos de “O Século” como o caso de “A Nossa Pátria”. Este livro de exaltação nacional descreve a viagem de três amigos, Jorge Wilson de Sousa, luso/americano de visita a seu primo Dr. Marques de Sousa, e um amigo deste, a que se juntam Helène e Suzette duas jovens francesas (daí que não seja eu) também de viagem cá pelo burgo.
Percorrem o País, de lés a lés e não há cidade, vila ou aldeia que lhes escape, intercalando na descrição, os grandes feitos dos portugueses ao longo da História.
Na verdade, foi um livro que li e reli, embora com qb. de patriotismo, e que é uma aguarela geográfica e hitórica de um Portugal que se tinha como perfeito.
Enfim, “A Praia da Saudade” título do livro de Francisco Salgueiro, trouxe à minha memória os dias da minha juventude.
Enfim, “A Praia da Saudade” título do livro de Francisco Salgueiro, trouxe à minha memória os dias da minha juventude.
1 comentário:
E a mim, muita curiosidade, vou procurar. Joca garnde
Enviar um comentário