195 - Estórias da História

Os irmãos do meu avô, eram todos militares de carreira, monarquicos, embora nunca tivessem atingido altas patentes.
O único que nunca foi militar e nem sequer foi à tropa foi o meu avô, Bento Silva, Republicano convicto.
Contava-me então meu avô, com uma pontinha de gozo, que durante as escaramuças que se deram em Lisboa por alturas do 5 de Outubro, o meu tio-avô Francisco Silva, (Tio Xico) monárquico, o mais novo dos irmãos, ainda jovem e apenas com a patente de cabo, integrando uma coluna em marcha a caminho da Rotunda, para atacar os revoltosos, deu conta de que por uma travessa, agora se esgueirava um furriel, logo por outra esquina, um sargento e assim sucessivamente, de tal forma que chegados ao Rossio o de mais alta patente era esse meu tio-avô, todos os outros eram soldados razos.
A dado momento dá ordem de parar a marcha e depois de ter demonstrado que iam a caminho da morte sem comandos, ele tomava a decisão de voltar para trás e quem quisesse que o seguisse.
O seu lugar na formatura era atrás, ao dar meia volta ficou à frente. Regressou ao Quartel e com ele muitos outros. Passou ainda alguns dissabores mas confirmada a implementação da Republica pouca importância tiveram.
E aquele "cabinho da província" como depois lhe chamavam, desistiu da carreira militar, regressando pouco depois a casa.

4 comentários:

Fernando Samuel disse...

Ora aí está confirmado como é bom... regressar a casa...

Um beijo amigo.

Susete Evaristo disse...

É verdade e o meu avô, era tão irónico ao contar-me esta história do "cabinho da Província" o que nós nos riamos!
Beijinhos

amigona avó e a neta princesa disse...

Eh! Eh1 Gostei desta do "cabinho da província"! Fizeste-me sorrir! Beijos amiga, voltarei depois da tempestade...

José Lopes disse...

Os ratos são sempre os primeiros a abandonar o barco, diz-se, e afinal confirma-se, ficando para o fim o cabinho de província que depois tem que tomar decisões.
Cumps