120 - Património da Humanidade

Havia no "meu tempo" uma cantiga, que dizia assim:

A lua é um planeta
Que faz careta
A quem não sabe namorar
Mas se alguém fizer da lua
Coisa sua
Essa luz que vem da lua
Nós teremos de pagar.

Ora acabo de ler que o céu estrelado foi decretado como Património da Humanidade. E eu pergunto: mas o céu estrelado, tal como o Sol, quando nasce não é para todos?
(claro que há outra conotação, para esta mesma afirmação, mas isso são outras contas)
Lembrei-me da tal canção e fiquei preocupada. É que, com os impostos que nos são cada vez mais exigidos, ainda se lembram de inventar um para manter este património.
Porém também reconheci que sou daquelas pessoas que teve o privilégio de viver no campo, ter um céu enorme só para si e, ter quem lhe transmitisse os conhecimentos, (rudimentares é certo), para poder olhar o céu e identificar algumas constelações.
Que saudades eu tenho, quando era pequena e em noites de grande calor, como são muitas noites do verão Alentejano, os meus pais me deixarem dormir no terraço da minha casa sob essa maravilhosa abobada.
Tanto eu como minha irmã passavamos muitas horas acordadas a tentar localizar a "Estrada de Santiago" ou seja a Via Lactea, Orion com o cinto de três estrelas o arco e a flexa, tal qual o descreviam os livros de lendas dos deuses antigos e Iris sua mulher, que tendo subido ao céu ficou situada muito perto do marido, brilhando no firmamento com uma luz invulgar. E as Ursas a Maior e a Menor com a Estrela Polar a indicar-nos o Norte. As Pleiades ou berço das estrelas, que só se conseguem ver se não se olhar directamente para elas, etc. etc. etc.
E no Alentejo, o céu à noite é de um anil maravilhoso.
Na imagem acima podemos ver Vénus ou a estrela da manhã, que aparece no céu ao raiar da aurora antes da chegada do sol.
O aparecimento de Vénus no horizonte marcava também para os camponeses o fim de uma longa noite de trabalho quando da apanha do grão, tarefa que tinha de ser realizada pela fresca, senão caía todo para o chão e também por causa do suco que aquele cereal deita no calor do dia.

5 comentários:

PjConde-Paulino disse...

Comadre de Serpa:
Tem graça como temos vivências semelhantes no aspecto do gosto pela grandeza suave do Alentejo e tudo que nele se vê, cheira e se sente.
Continuo a emocionar.me com tudo que aqui sinto, nesta felicidade serena.
beijos do cumpadri, Pj

Susete Evaristo disse...

Mas qual é o Alentejano, que não tem esta forma de sentir compadre?
O Alentejo, seja pelas lonjuras que a nossa vista alcança, onde se descobre sempre algo novo, sejam as cores e os cheiros da terra, sejam as sopas (e não a sopa como muitos restaurantes por aqui teimam em escrever quando apresentam uma mistela a que chamam umas vezes açorda outras sopa alentejana)e tal como digo o céu, as madrugadas do nosso Alentejo.

samuel disse...

Não querem lá ver que na velha Beira Litoral da minha juventude, nomeadamente nas dunas (que ainda havia) da Costa Nova, iluminadas apenas pela lua e pelo brilho dos nossos olhos... o céu era o mesmo?
Ele há coisas!...

Abreijos

amigona avó e a neta princesa disse...

Que bem me soube,Susete!Que bem me soube recordar esse céu e essas noites dormindo debaixo das estrelas! Beijocas...

Susete Evaristo disse...

Realmente amigos, no Alentejo ou nas Beiras, no Minho ou em Trás-os-Montes e era tão nosso este céu. Daí a minha preocupação.
Beijos