32 - Des"acordo ortográfico"

De acordo com notícia veiculada pelo jornal “Correio de Manhã” no passado dia 20 de Fevereiro, o actual ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, terá manifestado o desejo de que “haja condições para que muito rapidamente [o Acordo] seja também ratificado por Portugal”.
Partilho da opinião do Presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), António Baptista Lopes, que considera ser este um “acordo por via do qual não vemos que possa trazer qualquer benefício para a língua portuguesa”.
Ao longo do séc. xx, registaram-se nesta matéria, reformas e acordos entre Portugal e Brasil, nomeadamente em 1911; com ajustamentos em 1920, 1929. Por esta altura deixámos o ph de Pharfácia, o th de Theatro ou a forma Archipelago por exemplo.
Uma das mais polémicas reformas linguísticas foi a de 1945 que na altura teve em Almada Negreiros, um dos maiores opositores, e que originou o Manifesto anti-Dantas, uma vez que Júlio Dantas, foi o presidente da Delegação Portuguesa na Conferência Ortográfica de Lisboa.
Os trabalhos começaram em 1931 e culminaram publicados em 1940 e 1943, com 51 bases de alteração.
De referir que em 1945 foram anuladas várias introduções aprovadas em 1911.
Em 1973 novo acordo, retirou os assentos às palavras terminadas em (mente) abolindo quase completamente o assento grave.
Nova alteração deu-se em 1990 ratificação feita apenas por Portugal, Brasil e Cabo Verde, tendo a entrada em vigor ficado pendente.
Com a nova versão iremos todos “vestir” os fatos ou os acontecimentos que até agora eram os factos; os meses ficarão mais pequenos uma vez que deixam de ter na primeira letra a grafia maiúscula, etc. etc. etc.
O certo é que, a língua mãe falada em Portugal, cederá ao sotaque do português falado no Brasil 1,6% do seu vocabulário, em contrapartida com os 0,5%, cedidos no vocabulário brasileiro.
Na minha modesta opinião estes acordos só contribuem para "MATAR" a nossa língua sem que estes senhores inteligentes se lembrem de que, tal como dizia Fernando Pessoa: "O meu país é a minha língua" .
Assim vai Portugal !!
MANIFESTO ANTI-DANTAS (extracto)
Basta pum basta!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! Pim!
Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em seco!
O Dantas é um cigano!
O Dantas é meio cigano!
O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
O Dantas pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!
O Dantas é um habilidoso!
O Dantas veste-se mal!
O Dantas usa ceroulas de malha!
O Dantas especula e inocula os concubinos!
O Dantas é Dantas!
O Dantas é Júlio!
Morra o Dantas, morra! Pim!

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