Os descantes
O que o artigo sobre o pano de chita me trouxe à memória.
Quando era pequena e ainda morava na Vila de Serpa, minha terra (aos 8 anos, depois de construída a casa fui morar na Quinta da Fonte Nova) não raro madrugada fora vozes se faziam ouvir cantando versos genuinamente populares chamavam-lhe DESCANTES que traduziam as alegrias, máguas, esperanças, desesperos, ciúmes e aspirações da gente humilde das terras Alentejanas, vejamos então uns versos que encontrei:
O que o artigo sobre o pano de chita me trouxe à memória.
Quando era pequena e ainda morava na Vila de Serpa, minha terra (aos 8 anos, depois de construída a casa fui morar na Quinta da Fonte Nova) não raro madrugada fora vozes se faziam ouvir cantando versos genuinamente populares chamavam-lhe DESCANTES que traduziam as alegrias, máguas, esperanças, desesperos, ciúmes e aspirações da gente humilde das terras Alentejanas, vejamos então uns versos que encontrei:
O amor nasce dos olhos
Mais da mão, quando se aperta;
Em chegando ao coração
Não digo mais, et cetera!
Coração que adora dois,
Algum há-de amar em falso…
Há-de ter muito que ver
Duas pombinhas num laço!
Há muito tempo que eu ando,
Lindo amor! p’ra te falar;
A vergonha me desvia,
O amor me faz chegar.
Os teus olhos de pau preto,
Riscadinhos a compasso,
São o ‘spelho em que me vejo
Quando à tua porta passo.
Com pena peguei na pena,
Com pena pus-me a escrever;
Caiu-me a pena da mão,
Com pena de te não ver.
Chorar, sentir, padecer,
São efeitos de quem ama;
Quem se obriga a bem querer,
Tristes lágrimas derrama.