62 - Calçada à Portuguesa

Confesso-me fascinada quando vejo a chamada, calçada à Portuguesa. Quem faz um trabalho minucioso como aquele só pode ser chamado de artista. Independentemente de quem elabora o desenho, são as mãos que o executam os seus principais artesãos. Pena é estar a desaparecer até nas Ruas de Lisboa.
Num destes dias o autocarro em que seguia avariou a meio da Av. da Liberdade e tive de a subir a pé. Embora cansativo dei por bem empregue o passeio pois mais uma vez tive a oportunidade de contemplar aqueles maravilhosos mosaicos de calcário preto e branco.

8 comentários:

XICA disse...

Artistas esses tão pouco valorizados, e mais grave, no nosso País dão-se ao luxo de cuspir em cima desse maravilhosso trabalho! Quantas vezes não vimos isso? e nos apetece puxar a culatra atráz e arrear os javardos!

Susete Evaristo disse...

Tnes razão Xica. E o mesmo nos dá vontade quando ouvimos algumas cabeças pensantes como alguns comentadores de meia tijela insurgirem-se contra estas calçadas. Devem preferir o alcatrão a côr é mais parecida com o que teem n cabeça.

XICA disse...

LOL!Menher é dava o C.. e 8 testões pa assistir a uma das tuas...

Susete Evaristo disse...

A uma das minhas quê?

XICA disse...

Discursos, tipo " devem preferir o alcatrão a côr mais parecida com o que têm na cabeça." Ao vivo, claro está!

Susete Evaristo disse...

Sabes amiga na minha idade "e a idade é um posto" já não tenho de ter pruridos com esta maralha que vai para a TV bota falação, deitando abaixo os valores que a meu ver deveriam ser acarinhados.
Embora como sabes não defenda nem pouco mais ou menos o que se passava no tempo da outra senhora, há dois grupos de pessoal que depois de 1980, com a entrega da JAE ao sector privado, foram desaparecendo dando lugar à completa descaracterização de algumas tradições da nossa terra: os calceteiros artifices e os cantoneiros que tratavam as nossas estradas bordejadas de aloendros.

XICA disse...

Se me lembro bem desses cantonêros, em casa tamém tive um, irmão da minha mãe, lembro-me de ele me levar pá estrada e comer com ele e mais outro colega dele, as bordinhas de pão com linguiça cozida que havia sobrado do granito do dia anterior.

Anónimo disse...

O meu avô materno era calceteiro. A minha mãe, contou-me que foi ele que "montou" a rosa dos ventos ao pé do Padrão dos Descobrimentos juntamente com um colega. Além de muitas mais obras de arte que ao longo dos anos da sua profissao conseguiu.

Já que falam na Av.ª da Liberdade não sei se parte dela também não a fez mas não tenho certezas e não quero exagerar.

A entrada da Igreja de St.ª Eufémia em Penedono - perto de Viseu - (conta a lenda que ela foi posta junto a dois leões para a devorarem mas que se tornaram mansos) tem dois leões que foi ele que os fez também.

Quando era miuda costumava ver os moldes que ele fazia para depois construir em calçada...

Um dia estava no posto médico do Dr. Amaral.

Viram o meu nome e perguntaram-me se era neta do Sr. José Amaral.

Eu disse que sim.

"O Médico?" - Perguntaram elas incrédulas.

"Não, o CALCETEIRO." - Disse eu orgulhosa.