Confesso que nem sempre estou de acordo com declarações até mesmo a nível politico, feitas pelo meu camarada José Saramago, porém, não poderia estar mais de acordo com as considerações que teceu na conferência de imprensa, referentes ao Deus descrito no Pentateuco, ou seja nos primeiros 5 livros da Bíblia.
Os estudos bíblicos que em tempos fiz, os conhecimentos que depois, ao longo da vida fui adquirindo, levam-me de facto a concluir que, das duas uma ou Deus não tinha nada que fazer naquela semana em que criou o mundo e criou o homem para poder ter algo com que brincar, ou estava cansado de estar sozinho o que não deve ser nada agradável.
Vejamos então só duas ou três descrições bíblicas:
Logo no capítulo 2 versos 17 do livro de Génesis, é referido que Deus
proibiu o homem de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, e ameaçou
“…porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”
Até aqui todo o relato do livro é sobre a criação divina, referindo a cada passo dessa mesma criação:
"E viu Deus que era bom."
Ora aqui uma pergunta me baila na cabeça: Teria Deus, receio que o homem ao ter os conhecimentos que o fruto da árvore
(e em local nenhum refere que era maçã isso já é invenção posterior) mas dizia eu, haveria algum receio de que o homem ficasse com os mesmos conhecimentos científicos que o seu criador?
Espanta-me então que a ameaça de morte por comer daquele fruto, se tenha ficado depois, somente pelo reconhecimento de que estavam nus.
Deus afinal
mentiu e a serpente (
a tal da tentação e que geralmente se associa ao demónio) que garantiu ao homem que ao comer do fruto da árvore da ciencia do bem e do mal, nem o homem nem a mulher morreriam foi quem falou verdade.
Mais tarde já com Abel e Caim a trabalhar, um a terra outro no pastoreio e querendo ambos agradar ao Senhor, fizeram-lhe oferendas do produto do seu trabalho. Abel ofereceu um animal e Caim o produto da terra. Deus agradou-se da oferta de Abel mas não da de Caim, versículos 4 e 5 do capítulo 4 do livro de Génesis
“E atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente e descaiu-lhe o semblante”
Deste episódio resultou a morte de Abel, o primeiro assassinato da história da humanidade
provocado pela injustiça, na dualidade de aceitação do esforço do trabalho.Caim que se esforçou por trabalhar a terra semeando, regando e cuidando das plantas, viu-se preterido por Abel, que se limitou a guardar as ovelhas.
Ao longo de toda a história Bíblica, em especial no Velho Testamento, temos relatos de proibições, castigos e injustiças, nas quais não vemos um Deus pai, mas um Deus carrasco para quem não cumpra a Sua vontade, isto apesar de ter "dado" ao homem o livre arbítreo.
O resultado foi a onda de corrupção e violência (que continua até aos nossos dias sem melhoras) não obstante as várias catástrofes que lançou sobre a terra, ele foi o dilúvio, ele foi a confusão das línguas, ele foi a destruição pelo fogo, etc. etc. etc.
Entretanto a humanidade permaneceu, assim como a mentira e as guerras que levam à morte.
E já agora pensemos nisto: permaneceu também a pouca aceitação e reconhecimento do esforço do trabalho e dos trabalhadores!
Ainda não li o livro mas será certamente o meu livro do mês a ler com agrado.